COMO TORNAR AS MUDANÇAS NO AMBIENTE DE TRABALHO UM PROCESSO ÚTIL

                                                                Prof. João Beserra da Silva

Quais as empresas que estão atentas às mudanças?Quantos estão preparados para elas? As corporações visam o lucro; mesmo porque, sem ele, como se manterem? O lucro é conseqüência de boa prestação de serviços, de bons produtos, de ambiente feliz, de bom fluxo de caixa e de boa administração. E, desse modo, sê-lo-á perene. Tanto o serviço quanto o produto depende do ser humano. Máquinas, tecnologias e avanços da ciência da informática são apenas instrumentos.O ser humano pode deter em suas mãos o melhor equipamento e, mesmo assim, produzir o pior produto ou prestar péssimos serviços. Hoje as empresas buscam a certificação das diversas formas de ISO. Que adianta trabalhar com a qualidade total e esquecer a pessoal? O profissional deve se especializar cada vez mais. Em técnicas de trabalho, e muito mais aperfeiçoar a sensibilidade. Além do uso da razão ou do coração, é preciso ouvir a intuição. Ela gera a sensibilidade

As empresas podem favorecer as mudanças realizando-a, em primeira mão, no alto escalão. Deve começar na mentalidade de quem está liderando. O líder que extorquir, enganar, mentir, pisar, sonegar informações e conhecimentos, tripudiar estará agindo contra o crescimento natural da empresa que dirige. Jamais deve depender totalmente de outros, mas estimular o espírito de equipe, em contínua interdependência. Sem usar a força, mas pelo exemplo, pela atitude, deve arrastar os seus subordinados e os seus pares. Toda palavra terá valor e sentido se os atos e as ações seguirem o que foi dito. É preciso que os dirigentes saibam que na mudança do layout da disposição da linha de produção, por exemplo, quem vai acionar as máquinas, manusear a matéria prima, a embalagem, estocar, carregar o caminhão e levar para a loja é o ser humano, que, por sua vez, deve ter consciência de que faz parte daquele produto, daquela empresa e que, por conseguinte, deverá ser ouvido. Além de ser uma parte, ele faz parte.

Para driblar as adversidades encontradas no ambiente corporativo à implantação e à conclusão de um processo de transição cada profissional precisa aprender a se autogerenciar. Muitos ainda são submissos a ordens, regras e comportamentos que lhes são impostos, sem a explicação do porquê de determinada ação; muitas vezes em desalinho com a missão e o foco da organização. Lá no final da linha, quando o produto estiver acabado, estará um cliente esperando o que ele deseja e não o que se quer lhe oferecer. Só que antes de chegar ao cliente final, há clientes que estão um ao lado do outro, dentro da própria empresa. Em uma corporação todos contribuem para que o resultado final seja o esperado. Todos são clientes. Se dependem de você, são seus clientes. Se você depende dele, você é o cliente. Os diretores e gerentes querem que cada um encante o seu cliente e o trate como Deus, mas fomentam ou permitem a desarmonia entre as pessoas pelo mau exemplo entre eles mesmos. Maltratam a secretária e os de níveis tidos como baixos. Alimentam conflitos entre si e relutam em mudar. Como driblar as adversidades e os contratempos? Sabendo que todos somos resistentes às mudanças devido à incerteza e porque precisamos saber as suas razões. Tudo se tornará melhor pela conscientização, pela preparação, pela mudança das atitudes e da própria consciência, quebrando paradigmas, alinhando-se em torno dos objetivos comuns.

Para que profissionais e instituições se entendam nesse sentido é imprescindível que todos conheçam o foco da empresa com oportunidade de autogestão. Há empresas que escondem a missão, deixam os valores velados e obscuros os seus objetivos. De acordo com Stephen R. Covey, que entrevistou em 21 anos, mais de 5 milhões de pessoas, apenas 15% conheciam o foco das respectivas empresas. Há um paradoxo quando dizem "autogerencie-se" e intervêm. A ingerência desmedida quebra o encanto da autogerência. Mas todos têm que ser preparados para se autogerenciarem. O entendimento vem da consciência clara do "seja gerente de você mesmo" e da posse desse compromisso pessoal. Para demonstrar que pode, é preciso que trace seus próprios objetivos e seus planos individuais. Que saiba administrar o seu salário, o seu desenvolvimento pessoal, a sua evolução; porque tudo é conseqüência de sua própria visão. Assim todos entenderão a visão da corporação e estarão firmes no seu foco. Algumas empresas aboliram o cartão de ponto, o que permite ao colaborador gerenciar todo o seu tempo, sem perder o foco da tarefa. Esses fundamentos afirmam "seja você mesmo", mas com responsabilidade, pois deve entregar a sua tarefa, cumprindo a sua missão, como parte eficiente do todo eficaz.

O ambiente é estimulante quando agradável. Quando as pessoas são transparentes, sinceras, leais. Ao mudar o layout, os processos e os procedimentos, para que haja aceitação e comprometimento, cada pessoa deve adequar aos mesmos a sua postura interna; isto é, a atitude interior pessoal. A estrutura principal é a interior, onde cada qual se fundamenta na autoconfiança, a qual um funcionário só pode exercer se detiver retaguarda. Esse suporte estimulante é fornecido pelo líder, ao declarar: "Vá em frente", "estou com você". Se você cair, estender-lhe-á a mão. O verdadeiro líder não é o que faz a tarefa do outro; é o que faz com que o outro execute a tarefa bem feita, sem obrigação; mas, por amor, por dever, com entusiasmo.

A maior parte das pessoas é bastante resistente a qualquer tipo de mudança, por medo do desconhecido. Como também há fatores que podem se tornar prejudiciais para o processo. Normalmente quando cada um quer fazer a sua mudança pessoal. É necessário sinergia entre os dirigentes. Quando entenderem que a mudança é um propósito coletivo, com evidência, vai dar certo. Se existe um consenso, por que dar errado? Dentro de determinado setor há pessoas que jogam contra. Estão com a mesma camisa, mas fazem gol contra. Pessoas que fazem tudo para que o projeto dê errado simplesmente porque a idéia partiu de outra cabeça. É recomendável que se estabeleça um processo de conscientização geral que, normalmente, só terá efeito com alguém de fora, usando linguagem e métodos diferentes dos domésticos, já conhecidos e tão insistentemente batidos, sem a psicologia apropriada; até mesmo, sem exemplos pessoais. A mudança é o único fato real que está sempre presente na vida das pessoas e das empresas, em todo o mundo.

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